quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Coisas que eu li #1: "20 Deuses", a nova HQ de Marcelo Cassaro e Rafael Françoi


PRIMEIRÃO!

Acabou de sair por aqui a Dragon Slayer 36, revista de RPG bimestral que trará a partir deste mês uma nova história ambientada no mundo de Tormenta, com roteiros do premiado Marcelo Cassaro (já notaram que quase todo o site coloca esse epíteto clichê para o cabra? É quase como "infame clérigo da guerra"), autor das consagradas séries Holy Avenger e outras mil coisas que você certamente já deve ter lido alguma vez em sua vida. O desenhista é o estreante Rafael Françoi que, já adianto, apresenta uma arte fantástica.

Uma das características que eu acho mais recorrentes em quadrinhos escritos pelo Cassaro (especialmente em Holy Avenger) é que todos eles são leves e divertidos

Explico com um exemplo desta história mesmo: em apenas quatro páginas, Cassaro consegue expor para um "leigo" a dinâmica de todo o mundo de Arton: explica-nos quem são estes tais aventureiros, mostra-nos as raças principais e mais icônicas do cenário (Elfos, Goblins engenhoqueiros, os minotauros parrudos e os Qareen) e nos fala sobre os deuses - sobretudo de uma deusa muito especial, que criou a humanidade: Valkaria

Nas mãos de um roteirista novato, talvez isso ficasse muito mecânico -  a voz do autor sendo didático e explicando os pormenores deste mundo diferente. Em 20 Deuses, porém, tudo soa naturalmente, acompanhado das boas tiradas  que já são bem frequentes nos textos do Cassaro ("Vai dormir no sofá!").

Nas primeiros páginas deste capítulo, o autor parece se importar em salientar a dicotomia que existe entre o mundo das pessoas comuns e o mundo dos aventureiros (e nesse sentido, lembra muito outro trabalho, Dado Selvagem). Tudo começa quando o jovem Mateo (é algum italiano?), habitante do reino de Callistia, talvez o reino mais simples e sem graça de todo o Reinado, se depara com um exótico grupo de aventureiros (e bota exótico nisso: tem  um elfo que parece o Sr.Spock e um  goblin que parece o Wesley Snipes!). 

E notamos também que estes dois mundos não estão tão separados assim: pois Mateo é um filho da deusa Valkarya, e a maior força dos humanos está em ser aquilo que quiserem.

A história então passa para os dias de hoje, e nos deparamos com um Mateo já adulto. Ele é interpelado por uma aventureira em busca de uma equipe de aventureiros.  A princípio o moleque só quer saber de sossego, o que irrita a paciência de nossa Niele Wannabe... mas logo em seguida Mateo mostra ao seu modo que não é qualquer um. 

E eu já contei quase tudo o que acontece nesta história de 15 páginas...então, para não estragar ainda mais a surpresa, paro por aqui.

Em síntese, o primeiro capítulo de 20 Deuses segue uma linha narrativa simples. Sem esforço, podemos notar  as etapas da jornada mítica preconizada por Joseph Campbell e tantos outros autores claramente delineadas: há um mundo comum, representado por Mateo, e há um mundo da aventura, representado pelos... hã...aventureiros. E a intersecção entre estes dois mundos é a aventureira Val, que deseja formar uma equipe e se depara com Mateo. E aí, sucessivamente, se dá o Chamado para a aventura, a recusa, e assim por diante. O que se destaca aqui, porém, é a riqueza do mundo de Arton, o carisma dos personagens - achei o "character design" de Val bem interessante, e a "arma" de Mateo muito inusitada! - e o modo como tudo isso é contado em breves 15 páginas, sem parecer corrido ou forçado.

Aí está outro quadrinho que também podia ter suas 15 páginas quinzenais, como Ledd:  pois acompanhar de dois em dois meses vai ser dureza!


2 comentários:

  1. Engraçado que os lançamentos mais legais sempre ocorrem nos meses que meu orçamento é mais apertado!

    Gostei da premissa da HQ. Valeu por divulgá-la aqui.

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